Spelade
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Em 2024, a Justiça do Trabalho registrou mais de 258 mil processos de trabalhadores que pedem reconhecimento de vínculo empregatício. Trata-se de um aumento de 57% em relação ao ano anterior. E um número que reforça a tendência de crescimento da judicialização das relações empregador-empregado desde que a reforma trabalhista entrou em vigor, em 2018. O volume de ações sobrecarrega o sistema judiciário. Apenas no Supremo Tribunal Federal, a alta foi de 76% entre 2023 e 2024. Sob essa justificativa, o ministro Gilmar Mendes decidiu, no dia 14 de abril, paralisar todos os processos trabalhistas até que a Corte tome uma decisão colegiada sobre a modalidade de contratação de funcionários como Pessoa Jurídica, os chamados ‘PJs’. Para explicar as teses que irão pautar os votos dos ministros do Supremo no caso de repercussão geral a respeito das contratações em regime de Pessoa Jurídica, Natuza Nery entrevista Olívia Pasqualeto, professora de Direito do Trabalho da FGV-SP. Também neste episódio, Nelson Marconi, professor de Economia também da FGV-SP, apresenta os resultados da pesquisa que realizou sobre os impactos da pejotização.
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A proposta nasceu em 2022, para poupar os manifestantes presos em protestos desde o resultado das últimas eleições presidenciais. Ela cresceu, acolheu outros projetos de lei e ampliou seu escopo: agora, quer perdoar toda e qualquer pessoa que tenha participado dos atos golpistas de 8 de janeiro – seja antes, durante ou depois daquele dia; um perdão que alcançaria o ex-presidente Jair Bolsonaro, denunciado pela PGR por tentativa de golpe de Estado . Nas últimas semanas, a oposição concentrou esforços em fazer o texto avançar na Câmara dos Deputados e conseguiu colher 262 assinaturas de deputados – o número mínimo são 257 – para protocolar o pedido de urgência na tramitação do Projeto de Lei. Agora é o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), que decide se dá ou não prosseguimento à proposta. O governo trabalha para reverter parte do apoio à anistia: Gleisi Hoffmann, ministra da Secretaria de Relações Institucionais, questionou parlamentares que integram a base aliada e votaram em favor do projeto. O governo espera também que, caso o PL passe na Câmara, seja barrado no Senado e considerado inconstitucional pelo Supremo. Para analisar as reais chances de a anistia avançar no Congresso e explicar as contradições no texto do Projeto de Lei, Natuza Nery conversa com Malu Gaspar, colunista do jornal O Globo e comentarista da rádio CBN.
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Quando a menina Sarah Raíssa foi velada, uma tia da garota fez um apelo: "explique o perigo que a internet oferece". Sarah, de 8 anos, foi encontrada desacordada pelo avô no início de abril. Ao lado dela estavam um celular e um frasco de desodorante. Ela foi levada ao hospital, mas morreu dias depois. Segundo a família, Sarah foi vítima de um “desafio” divulgado em redes sociais. O "desafio do desodorante" consiste em inalar o produto pelo maior tempo possível. A prática tem sido reproduzida por crianças e adolescentes que gravam vídeos para redes sociais, que alcançam milhares de visualizações. O caso de Sarah não é isolado. De acordo com o Instituto Dimicuida, o Brasil registrou 56 casos de crianças ou adolescentes que morreram ou ficaram gravemente feridos por causa de desafios irresponsáveis espalhados online desde 2014. E este número pode ser ainda maior, já que muitos casos podem nem chegar ao conhecimento de autoridades. Na semana passada, o Ministério da Justiça divulgou que planeja lançar um aplicativo para bloquear o acesso de crianças e adolescentes a redes sociais e outros conteúdos. Para explicar o que está em discussão no governo para proteger crianças e adolescentes brasileiros dos perigos online, Alan Severiano conversa com Lílian Cintra de Melo, secretária de Direitos Digitais do Ministério da Justiça. Depois, Alan fala com Gabriela dos Santos Lusquiños, promotora de Justiça da Infância e Juventude do Rio de Janeiro. Gabriela fala sobre quais tipos de crime estão presentes nesses desafios e quem pode ser responsabilizado. Ela responde ainda sobre o limite entre invasão de privacidade e monitoramento de crianças e adolescentes na internet: “rede social é rua. Não tem segurança, um lugar onde crimes gravíssimos são praticados”, conclui.
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Com a guerra comercial aberta por Donald Trump, analistas e economistas passaram a relembrar a grande crise vivida pelos EUA quase um século atrás. Em 1929, a quebra da bolsa de Nova York abriu portas para uma grande recessão em solo americano, que teria efeitos globais, tanto econômicos quanto geopolíticos. Na esteira do chamado “crack da bolsa”, o então presidente Herbert Hoover aprovou a lei Smoot-Hwaley, aumentando tarifas sobre produtos importados. A lei gerou uma série de retaliações e agravou a situação da economia dos EUA. Para explicar as semelhanças e as diferenças do que está em curso e do que aconteceu em 1930, Alan Severiano recebe o professor da USP Simão Davi Silber. Presidente do conselho-curador da Fipe, Silber relembra os efeitos da chamada “Grande Depressão”, quando 1 em cada 4 norte-americanos perderam o emprego e o PIB dos EUA caiu 25%. Ele fala ainda sobre como a crise moldou políticas econômicas de todo o mundo e as consequências geopolíticas um século atrás. Silber responde ainda o que aquele momento da história nos ensina e quais erros não podem ser repetidos.
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“Hoje é a lei da selva”. É assim que o embaixador Roberto Azevêdo, ex-diretor da Organização Mundial do Comércio, define o atual status das relações comerciais entre países. Convidado de Natuza Nery neste episódio, Azevêdo avalia como a OMC foi perdendo força ao longo dos anos. Ele analisa o papel da organização em meio à guerra comercial aberta por Donald Trump. Azevêdo, diretor-geral da OMC entre 2013 e 2020, conta como a organização foi criada para ser um espaço internacional de diálogo e solução de conflitos comerciais entre países. E relembra os alertas que fez sobre a necessidade de atualizar os sistemas de negociação da instituição. “O sistema multilateral ruiu, ele hoje não está funcionando", avalia. O embaixador analisa o recuo anunciado por Donald Trump, que nesta quarta-feira (9) reduzir para 10% as tarifas recíprocas a outros países pelo prazo de 90 dias. A exceção é a China, que retaliou as tarifas aplicadas pelos EUA, e agora terá taxas de importação de 125%. Azevêdo conclui ainda sobre quais as consequências globais da guerra comercial que parece escalar a cada dia.
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No Brasil, só 7,4% dos docentes de pós-graduação nas ciências biológicas, exatas e nas ciências das terras são pretos, pardos ou indígenas. Além de gerar desigualdade, essa falta de representatividade compromete a própria qualidade da produção científica.
Neste episódio, o Ciência Suja vai falar sobre os motivos que tornaram o ambiente acadêmico pouco diverso, e também sobre como populações marginalizadas são subrepresentadas como voluntárias em diversas pesquisas, o que compromete até tratamentos médicos.
Esta temporada terá mais três episódios que trarão o tema do colonialismo científico. Ainda vamos abordar tecnologias racistas, roubo de fósseis e como aliar conhecimentos científicos com os “tradicionais”.
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Uma das linhagens de célula mais usadas em pesquisas até hoje foi obtida ilegalmente de uma mulher negra com câncer. Amostras de sangue de indígenas foram vendidas sem autorização para fins de pesquisa. Homens e mulheres de populações marginalizadas foram usadas de cobaias para estudos sobre diferentes doenças e tratamentos.
A ciência trouxe progressos incríveis para a sociedade, mas também foi afetada pelo racismo e pela falta de diversidade. No primeiro episódio da nossa temporada temática sobre colonialismo na ciência, vamos debater a ética na pesquisa científica e responder: para quem é a ciência?
Esta temporada terá ainda mais quatro episódios que trarão o tema do colonialismo científico por diferentes ângulos. Entre eles: representatividade na ciência, tecnologias racistas, roubo de fósseis, apagamento de descobertas e como aliar conhecimentos científicos com os “tradicionais”.
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A inteligência artificial e todas as suas aplicações aparentam ser neutras – ora, uma máquina não pode ser preconceituosa. Acontece que, por trás dessa suposta imparcialidade, há diversos vieses discriminatórios, que ganharam o nome de racismo algorítmico.
Neste episódio, o Ciência Suja revela como sistemas de computação podem ser sabotados pela discriminação, e o que pesquisadores do Brasil e do mundo estão tentando fazer para contornar esse cenário problemático.
O relatório escrito por Pablo Nunes, e mencionado no episódio, pode ser acessado aqui: https://www.intercept.com.br/2019/11/21/presos-monitoramento-facial-brasil-negros/
A gente tentou contato com a Clearview Brasil para entender melhor o negócio da empresa e suas operações no Brasil, mas não obteve retorno.
Essa temporada terá mais dois episódios sobre o tema do colonialismo científico. Ainda vamos abordar o roubo de fósseis e a integração entre ciência e outros tipos de conhecimento.
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O que levou Erika Berenguer a estudar a Amazônia foi a paixão dela pelo bioma, mas o que ela tem pesquisado ao longo dos últimos anos tem sido a destruição dela. E conforme os incêndios que ela monitora na região de Santarém se tornaram mais comuns e mais destrutivos, o ofício de acompanhar a devastação tem cobrado um preço alto.
No Fio da Meada desta semana, ela conta para Branca Vianna do seu trabalho – que envolve, entre outras coisas, medir a altura das chamas que estão devorando florestas amazônicas – e das consequências para a saúde física e mental de quem está na linha de frente da destruição.
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Salve, camaradas!
Nesse episódio tratei de um tema que ficou em alta após o corte de João Carvalho que recebeu várias respostas. Por isso, decidi fazer um debate crítico sobre a agenda pós moderna e a luta de classes no Brasil.
Ouça agora!
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A morte do norte-americano George Floyd, assassinado pela polícia de Minneapolis no dia 25 de maio de 2020, causou protestos de proporções globais. Atos contra a violência policial e contra o racismo. Em algumas cidades, os protestos foram tão intensos que deram início a processos de desmantelamento de departamentos de polícia.
Mas o que ocorre nos EUA é pouco em comparação com a realidade das polícias brasileiras. Enquanto por lá policiais mataram 1.099 pessoas no ano de 2019, por aqui foram 5.804. Quando se fala em racismo, os números daqui também são piores.
Ainda em 2019, nos Estados Unidos, 24% das pessoas mortas pela polícia eram negras. Por aqui, essa porcentagem sobe para 75%.
É um genocídio em curso.
Num intervalo de poucas semanas em relação à morte de George Floyd, tivemos por aqui dois assassinatos semelhantes. Dois adolescentes. João Pedro Matos e Guilherme Silva Guedes. Em nenhum dos casos houve manifestações tão massivas quanto as provocadas pela morte de George Floyd.
Para entender por que isso acontece, mergulhamos fundo na estrutura das nossas polícias militares.
*****– Colabore com a Rádio Escafandro e receba recompensas.Clique aqui.*****– Entrevistados do episódio:
– Coronel José Vicente da Silva Filho
Coronel reformado da Polícia Militar, secretário nacional de segurança pública durante o governo FHC.
– Coronel Adilson Paes de Souza
Tenente coronel da reserva da Policia Militar do Estado de São Paulo. Bacharel em direito, mestre em Direitos Humanos pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Membro da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo. Autor do livro O Guardião da Cidade.
– Fausto Salvadori
Jornalista, especialista em justiça, segurança e direitos humanos, cofundador da Ponte Jornalismo.
– Cecília Olliveira
Jornalista, pós graduada em Criminalidade e Segurança Pública e em Administração Pública com ênfase em Gestão Sociais. Foi consultora da Anistia Internacional, onde desenvolveu a plataforma de dados sobre violência armada Fogo Cruzado.
– Dina Alves
Advogada e coordenadora do Departamento de Justiça e Segurança Pública do IBCCRIM (Instituto Brasileiro de Ciências Criminais), cofundadora do coletivo autônomo de mulheres pretas, Adelinas.
– Ficha técnica:
Produção, apresentação e edição: Tomás Chiaverini
Trilha sonora: Paulo Gama
Mixagem: Vitor Coroa
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Na coluna dessa semana Carapanã discorre sobre como o governo Trump instrumentaliza a teoria da conspiração da "Grande Substituição" para perseguir imigrantes como criminosos e o que isso diz sobre o projeto trumpista para a América Latina.
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Paris Marx is joined by Ali Alkhatib to discuss the difficulty of holding the AI industry accountable and why sometimes it makes sense for people to destroy AI systems that are harming them.
Ali wrote a blog post called “Destroy AI.”
Ali Alkhatib works with Logic(s) magazine and was previously the director of the Center for Applied Data Ethics.
Tech Won’t Save Us offers a critical perspective on tech, its worldview, and wider society with the goal of inspiring people to demand better tech and a better world. Support the show on Patreon.
The podcast is made in partnership with The Nation. Production is by Eric Wickham. Transcripts are by Brigitte Pawliw-Fry.
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Paris Marx is joined by Will Tavlin to discuss how the Netflix model transformed film into the Typical Netflix Movie and how the company uses claims about data to deceive the public.
Will wrote about Netflix and the Typical Netflix Movie for n+1.
Will Tavlin is a New York-based writer who has written for n+1, Bookforum, and the Columbia Journalism Review.
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Tem suplemento para dormir melhor, para ganhar energia, para ficar magro, para deixar a pele bonita… Mas o problema é que várias alegações que você ouve aí sobre esse ou aquele suplemento não são comprovadas pela ciência.
Neste episódio, a gente fez uma parceria com o pessoal do “Olá, Ciência!” para entrar no mundo dos suplementos, que já estão em mais da metade das residências brasileiras e tem uma expectativa de movimentar 199 bilhões de dólares no mundo em 2025. Sendo que boa parte desse dinheiro vem de desinformação pseudocientífica e malandragens para driblar a legislação, que passam inclusive pelo uso de influenciadores digitais.
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Abaixo, as respostas da Anvisa sobre nossos questionamentos:
1) Durante nossa apuração, nos deparamos com o argumento de alguns ouvidos, de que a RESOLUÇÃO - RDC Nº 27, DE 6 DE AGOSTO DE 2010 favoreceu uma cultura de venda indiscriminada de suplementos alimentares no Brasil, o que teria perdurado até a publicação da RESOLUÇÃO DA DIRETORIA COLEGIADA - RDC Nº 243, DE 26 DE JULHO DE 2018, 8 anos depois. Qual é a posição da Anvisa quanto a isso?
A categoria de alimentos que congrega os suplementos alimentares foi criada em 2018 a partir de regras amplamente debatidas. Antes disso, os alimentos em fórmula farmacêutica destinados à suplementação eram comercializados em outras categorias de produtos, como alimentos para atletas e novos alimentos,
O estudo regulatório que resultou na criação da categoria de suplementos alimentares elegeu como um dos objetivos evitar a comercialização de produtos com alegação de benefícios que não eram demonstrados ou possíveis para alimentos, por serem restritos a medicamentos, e a adição de ingredientes não autorizados
Assim, as regras publicadas em 2018 pela RDC nº 243 trouxeram importantes avanços: os constituintes autorizados para uso em suplementos alimentares e as alegações de benefícios permitidas restringiam-se àqueles listados em uma instrução normativa específica (IN nº 28/2018). A autorização desses constituintes e a permissão dos benefícios está condicionada a uma avaliação da Anvisa, considerando aspectos de segurança e eficácia.
Ao dar clareza sobre os componentes que podem ser usados na formulação dos suplementos e o que eles fornecem tinha-se como objetivo evitar o uso de substâncias que podem até podem trazer efeitos desejados pelo consumidor, como perda de peso ou aumento de massa muscular, mas que não são autorizadas por seus severos danos ou alto risco à saúde. Igualmente, a definição dos benefícios que podem ser atribuídos aos suplementos alimentares também visava coibir alegações de efeitos que nunca seriam alcançados pelo consumo desses alimentos.
Não há dúvida que essas regras colaboraram substancialmente com as autoridades de fiscalização, na medida em que a caracterização das irregularidades tornou-se mais objetiva.
Era sabido que as regras não seriam suficientes para coibir práticas irregulares e até criminosas existentes em mercado paralelo que cresce enganando o consumidor sobre efeitos que os produtos nunca terão ou, pior, trazendo resultados pela adulteração com
substâncias proibidas que promovem danos irreversíveis. Aqui é importante pontuar que há um mercado regular que foi fomentado e aprimorado a partir das regras publicadas em 2018.
A partir de setembro de 2024, entrarão em vigor novas regras para a regularização dos suplementos alimentares, editadas pela RDC 843/2024. Esses alimentos precisarão de ser notificados à Anvisa antes de sua comercialização e os dados dessa notificação serão públicos, tornando-se um novo instrumento para fiscais e consumidores conhecerem sobre os produtos que estão regulares. A Anvisa também auditará as informações apresentadas pelas empresas podendo cancelar os produtos notificados de forma irregular.
A expectativa com essa mudança é contribuir ainda mais com a estruturação de um mercado regular e seguro de suplementos alimentares, entretanto, esse avanço somente foi possível a partir de alguns pilares criados em 2018.
Também é importante lembrar que regras produzem efeitos limitados para aqueles que têm por intenção praticar irregulares e crimes. Esse tipo de prática precisa ser combatida por uma fiscalização articulada e ostensiva e também por empoderamento do consumidor, que precisar estar atento aos efeitos esperados para um suplemento alimentar, que é complementar a dieta com nutrientes, substâncias bioativas, probióticos ou enzimas. Por isso, os efeitos desses alimentos equiparam-se a qualquer outro alimento, ou seja, fornecer o que o corpo precisa para a manutenção de suas funções.
Para quem desejar conhecer mais sobre quais os constituintes autorizados e os benefícios permito dos aos suplementos alimentares, a Anvisa elaborou um painel analítico que é acessível em seu portal: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/alimentos/paineis-de-consulta-de-alimentos
2) Em nota publicada no site da Anvisa em 2021, e atualizada em 2022, encontramos a seguinte afirmação sobre a melatonina: “Não foram aprovadas alegações de benefícios associadas ao consumo de suplementos alimentares contendo melatonina”. Ainda assim, a comercialização da substância foi aprovada na dose de 0,21 mg que equivale à dose sem efeitos observáveis.
Por que a Anvisa decidiu aprovar uma substância sem benefícios para a saúde em uma dose sem efeito?
Anvisa aprovou a melatonina para a formulação de suplementos alimentares, considerando que é uma substância bioativa naturalmente presente em alimentos e segura ao consumo nos limites estabelecidos, ou seja, que cumpre os requisitos legais dispostos na RDC Anvisa nº 243/2018. Nestes termos, os suplementos alimentares à base de melatonina têm o benefício de complementar a dieta de pessoas saudáveis com esta substância, considerando sua reconhecida ação fisiológica.
O que não foi aprovado é o uso de alegações que atribuem benefícios diretos associados ao consumo de suplementos alimentares contendo melatonina. Para usar este tipo de alegação, as empresas devem apresentar à Anvisa evidências que comprovem que consumir suplementos com determinada quantidade de melatonina, na forma e pelo tempo indicados, resulta em efeitos diretos aos consumidores, inclusive em relação ao sono.
As pessoas, ao consumir alimentos, esperam que esses produtos tragam efeitos benéficos, pois serão fornecidos substâncias ou nutrientes necessários ao corpo. O consumo de suplementos alimentares entra dentro dessa mesma finalidade.
Entretanto, como os suplementos fornecem nutrientes, substâncias bioativas, micro-organismos ou enzimas específicos é mais fácil delimitar os benefícios esperados. Se as empresas têm a intenção de comercializar o suplemento com a alegação desse efeito específico, elas precisam apresentar à Anvisa os estudos que comprovem essa relação benéfica entre o consumo e o efeito. Comprovada essa relação, é aprovada a alegação de benefício, a qual será incluída na lista de alegações permitidas.
Importante também esclarecer que o estabelecimento do limite diário de 0,21 mg por dia tem relação com questões de segurança e não de eficácia. A inclusão da melatonina como substância autorizada para uso em suplementos alimentares foi embasada em um estudo conduzido pela própria Anvisa, já que os pedidos de empresas protocolados até então não aportavam dados suficientes para uma aprovação. Assim, após a avaliação dos estudos disponíveis, inclusive estudos de efeitos toxicológicos em animais e por períodos maiores, a Anvisa definiu como dose segura 0,21 mg de melatonina por dia, restringindo este consumo a pessoas com idade igual ou maior que 19 anos. Este valor se aproxima do consumo de melatonina por meio da alimentação que, segundo dados do IBGE de consumo de alimentos e informações sobre a quantidade desta substância nos alimentos, é estimado em 0,15 mg/dia, em uma dieta regular.
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As redes sociais e as plataformas digitais são um terreno fértil para a circulação da desinformação e do conspiracionismo. Mais do que deixarem esse tipo de conteúdo correr solto, elas lucram com isso.
Neste episódio, você vai entender como as redes funcionam, e de que maneira desinformadores profissionais as usam para benefício próprio.
Este episódio é parte do trabalho de conclusão de curso do nosso produtor Pedro Belo, na Especialização em Jornalismo Científico do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor), da Unicamp.
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Localizado em uma região que concentra 90% dos terremotos do planeta, Mianmar foi devastado por um tremor de 7,7 graus no fim da semana passada – o mais forte dos últimos 100 anos no país. Mais de 3 mil pessoas morreram, mas a estimativa é de que o número total de vítimas chegue a 10 mil. A devastação atinge um território assolado por uma guerra civil iniciada em 2021, depois que um golpe militar colocou fim a uma tentativa de transição democrática. Para explicar as dificuldades de o país se reerguer, Natuza Nery conversa com Maurício Santoro. Doutor em ciência política pelo IUPERJ, o Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro, Maurício relembra o histórico de conflitos, políticos e étnicos, em Mianmar. Ele, que é colaborador do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Marinha do Brasil, detalha os interesses da China e da Índia no país. E analisa os diversos fatores que fazem com que a economia local não prospere, ao contrário de outras nações do sudeste asiático, que viveram saltos de desenvolvimento nas últimas décadas.
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Boa terça, angulers! O assunto principal do #278 foi, é claro, Bolsonaro é mais sete aliados tornados réus. O STF aceitou a denuncia da PGR contra o “núcleo crucial” da tentativa de golpe. Falamos também sobre a absolvição de Daniel Alves da condenação por estupro, na Espanha. Desolador! Por fim, comentamos e celebramos o show do Gil na turnê Tempo Rei e nos despedimos da imortal escritora e intelectual Heloísa Teixeira. Sirva-se!
Edição e mixagem: Tico Pro
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O Ilustríssima Conversa deste sábado (22) recebe a pesquisadora Juliana Belo Diniz, que atua como psiquiatra clínica e psicoterapeuta no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.
Diniz é autora de "O que os psiquiatras não te contam", com lançamento em março pela editora Fósforo. No livro, a especialista em pesquisa clínica por Harvard e doutora em psiquiatria pela USP questiona o senso comum sobre os transtornos mentais. Entre eles, o de que seriam resultado de mau funcionamento do cérebro ou de que a especialidade médica se resume a prescrever antidepressivos, calmantes, estimulantes e antipsicóticos.
"O conceito de doença não nasce do problema biológico. Não precisa ter algo errado com seu cérebro para a gente dizer que isso é uma doença. Eu defendo que depressão e ansiedade são doenças, porque existem pessoas que sofrem com elas, e que procuram ajuda médica para esse sofrimento, mas não quer dizer que o cérebro delas esteja funcionando errado", a autora afirma no podcast.
Produção e apresentação: João Rabelo
Edição de som: Raphael ConcliSee omnystudio.com/listener for privacy information.
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Em um dia histórico, Jair Bolsonaro tornou-se o primeiro ex-presidente a virar réu por tentativa de golpe de Estado. A análise do caso foi decidida pela primeira turma do Supremo Tribunal Federal nesta quarta-feira (26), quando os ministros Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin leram seus votos, acompanhando o relator, ministro Alexandre de Moraes. Agora, o ex-presidente e mais sete aliados, incluindo militares de alta patente, vão a julgamento — a data ainda não foi marcada. Se condenados, eles podem ser presos por atentar contra a democracia. Diferentemente da terça-feira,(25) quando Bolsonaro esteve no plenário da Corte, neste segundo dia, ele acompanhou a análise do gabinete do filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL). Depois da sessão, Bolsonaro disse que as acusações são infundadas, repetiu os ataques a Moraes e ao sistema eleitoral. Para analisar as chances de Bolsonaro conseguir evitar uma condenação, Natuza Nery entrevista Davi Tangerino, advogado criminalista e professor de direito da UERJ, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Ele também detalhe os votos dos ministros, que decidiram de forma unânime. Depois, para entender as repercussões políticas e o discurso de Bolsonaro que, depois da sessão, disse que as acusações são infundadas e repetiu os ataques a Moraes e ao sistema eleitoral, a conversa é com Vera Magalhães, colunista do jornal O Globo, âncora na rádio CBN e apresentadora do programa Roda Viva, da TV Cultura. "Acredito que ele corre mais risco de ter produzido alguma nova prova contra si. Eu achei que, se tinha alguma estratégia ali, ela se perdeu logo no início daquela longa fala meio desconexa."
- Visa fler