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Na estante do Governo Sombra, esta semana, temos a estreia em Portugal de uma escritora brasileira a descobrir: Eliane Brum, com o livro “Meus desacontecimentos”; um livro-disco de Amélia Muge, que é uma homenagem poética aos gatos: “um gato é um gato”; um álbum de cartoons de João Fazenda intitulado “Arena”; e um volume sobre o design do livro em Portugal, de José Bártolo e Jorge Silva: “Para ser eterno basta ser um livro”.
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A polícia pôs dezenas de pessoas de cara contra a parede, no Martim Moniz, em Lisboa, alegadamente para fomentar o sentimento de segurança. Fomentou a dúvida sobre percepções de segurança e sobre o conceito de polícia de proximidade. * O governo da Madeira caiu e ninguém se surpreendeu. Albuquerque diz estar pronto para mais uma campanha; alapado, comentou Jardim, que não morre de amores pelo seu sucessor mas que, como bom insular, há-de gostar de umas boas lapas. * Mário Centeno anunciou previsões sobre o regresso do défice nas contas públicas. Ficou a dúvida sobre o papel em que fez o anúncio, considerando as movimentações em curso com Belém no horizonte. * Movimentações também de alguns autarcas, que já se colocaram na primeira fila de apoio declarado a um candidato que ainda não o é.
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Saknas det avsnitt?
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Esta semana, na estante do Governo Sombra, há um livro sobre grandes artistas que são más pessoas: “Monstros”, de Claire Dederer; uma reunião de caricaturas de escritores com o traço de André Carrilho: “Linha, Ponto e Vírgula”; dois livros em que protagonista é Camões: o “Teatro” do poeta e a biografia que Aquilino Ribeiro lhe dedicou; por fim, três livros infantis: “Olívia e as Princesas”, “Brincamos na Neve”, de Verónica Fabregat, e “Como Criar uma Biblioteca”, de Inês Fonseca Santos e André Letria.
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A família Assad já não mora em Damasco. O mundo divide-se entre os que vêem a queda do ditador sobretudo como um motivo de celebração ou acima de tudo com inquietação quanto ao futuro. A actualidade política nacional da semana ficou marcada, por sua vez, pela troca de acusações entre ministros da cultura: a atual e o antecessor. Falou-se de compadrio, mas há que veja o episódio, acima de tudo, como uma guerra de comadres.
Entretanto, o Chega foi protagonista de dois episódios parlamentares caricatos. Entregou um relatório elogiando uma nomeação, querendo no dia seguinte retirá-lo para dizer que a dita nomeação é péssima. Foi um engano, esclareceu o partido; “fizemos copy/paste do texto errado”. Na segunda situação, o Chega - que prometera ser duro nas perguntas que faria ao antigo provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa Pedro Santana Lopes - não vai afinal fazer pergunta nenhuma: esqueceu-se de enviar as questões dentro do prazo previamente estipulado. Facto curioso: Santana Lopes foi esta semana o convidado de honra das jornadas parlamentares do Chega. Sabendo-se que Santana Lopes quer ser candidato a qualquer coisa e que o Chega procura candidatos a uma coisa qualquer, que cada um tire as suas conclusõezinhas.
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A sabedoria popular oferece adágios para todas as ocasiões. Diz-se, por exemplo, que “candeia que vai à frente alumia duas vezes”. Mas também se garante que “o primeiro milho é dos pardais”. Qual dos provérbios reflectirá melhor o ponto de situação nos preparativos para a corrida a Belém? O Almirante parece firme ao leme, mas até um palhaço já entra nas contas. Assim, fica difícil levar a sério os estudos de opinião. Enquanto isso, no PS começa a haver vozes sugerindo que os socialistas devem inclinar-se ao lado para que sopra o vento. O importante é perceber com quem está o povo. No folhetim do medicamento caro administrado às gémeas luso-brasileiras, a comissão parlamentar de inquérito continua a produzir versões contraditórias. Em todo o caso, já há pelo menos um suspeito designado: o antigo secretário de estado da saúde não sairá desta investigação com a reputação intacta.
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Na estante do Governo Sombra, esta semana, encontramos a reedição do último livro de Joseph Roth, “A Lenda do Santo Bêbedo”; uma colecção de crónicas - “Prova de Vida”, de António Araújo - sobre figuras públicas afastadas de ribalta; um ensaio literário já antigo, mas só agora publicado em Portugal, da poeta canadiana Ann Carson intitulado “Eros”; e o catálogo da exposição “Livre”, dedicada a João Abel Manta.
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Foi uma semana daquelas em São Bento. Ventura decidiu poluir a fachada do Palácio. O primeiro-ministro rodeou-se de fardas no Palacete, em horário nobre. E o Parlamento celebrou em sessão solene uma data redonda, redondinha: os 49 anos do 25 de Novembro. E há quem já tenha os olhos noutro Palácio: o almirante vai abandonar o barco do serviço militar para se atirar ao mar encapelado da política; e António José Seguro levou a sério o facto de Pedro Nuno Santos o ter incluído numa lista de presidenciáveis. Problema: o secretário-geral do PS (o actual) fez saber esta semana que já se arrenpendeu de ter divulgado o conjunto de nomes em que meteu ao barulho o pretérito secretário-geral socialista. Ouça a versão podcast do Programa Cujo Nome Estamos Legalmente impedidos de Dizer, emitido na SIC Notícias a 29 de novembro.
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Esta semana, na estante do Governo Sombra, há uma “Breve História da Bebedeira”, de Mark Forsyth; uma novela gráfica que vai dar um filme, intitulada “Aqui” e assinada por Robert McGuire; o último volume - “Um Novo Nome” - da Septalogia do Nobel John Fosse; e uma provocatória recolha de factos e de conhecimentos científicos: o tipo de livro, segundo o autor, David Marçal, em que está a receita para “Como Perder Amigos Rapidamente”.
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Passaram mil dias desde que as tropas russas invadiram a Ucrânia. Joe Biden, enquanto arrumava as gavetas da Sala Oval, deu um presente aos ucranianos: já podem utilizar o armamento americano que lhes foi oferecido contra alvos em território russo. Putin decidiu alterar de imediato a filosofia militar russa: agora até um ataque com armamento convencional poderá desencadear uma resposta nuclear. Os mais pessimistas já vêm o fim do mundo ao virar da esquina. * Seria irónico o mundo acabar já, sem ser dada oportunidade a José Sócrates de se defender em tribunal daquilo que ele considera ser “uma guerra de extermínio”. Passaram dez anos sobre a detenção do antigo primeiro-ministro. * Também se assinala esta semana um recorde: nunca, como este ano, foram apresentadas tantas propostas de alteração a um orçamento. Foram mais de duas mil. Só o Chega avançou com mais de seiscentas. Vai ser votar até às tantas ao longo da próxima semana. E há tudo: de grandes medidas a minudências de pequena política.
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Na estante do Governo Sombra, há desta vez ideias antigas para problemas presentes e futuros, no ensaio “História para Amanhã”, de Roman Krznaric; há uma investigação de vários autores, coordenada por Pedro Aires Oliveira e João Vieira Borges sobre “as guerras de descolonização”, sob o título “Crepúsculo do Império”; a poesia chega com a assinatura de um prosador, Valério Romão, no livro “Mais uma Desilusão”; e há poesia também, naturalmente, na biografia de Du Fu investigada por Michael Wood em “O Maior Poeta Chinês”.
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Esta semana, na estante do Governo Sombra, os ensaios sobre Israel e a Palestina (com o título ‘O Coração Pensante’) de um escritor israelita (David Grossman) alarmado com a deriva extremista, de parte a parte; a monumental biografia de ‘Napoleão, o Grande’, por Andrew Roberts; a ‘Poesia Quase Toda’, de Zbigniew Herbert, o poeta polaco de quem o Nobel não se lembrou a tempo; e um estudo sobre a ascensão e queda da elite mercantil cristã-nova, pelo historiador Francisco Bethencourt, sob o título ‘Estranhos na Sua Terra’.
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Quantas horas têm os dias da ministra da saúde? Será que Ana Paula Martins está a ver-se obrigada a horas extraordinárias para ajudar a sua secretária de estado a distinguir “anemia” de “amnésia”? Do que já não restam dúvida é que o governo da Madeira tem os dias contados. Será Albuquerque defenestrado pela moção de censura ou, ainda antes, na votação do orçamento para 2025? Nos Estados Unidos, as escolhas de Trump tornam claro que, para a nova administração, o conceito de “conflito de interesses” é letra morta.
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Qual a pergunta certa: ‘como é que Trump ganhou’ ou ‘como é que os democratas perderam’? Vamos ter pela frente quatro anos para encontrar a resposta. Numa coisa a eleição do futuro inquilino da Casa Branca foi diferente da anterior: os vencidos aceitaram a derrota sem ranger de dentes nem violência. Na realidade mais comezinha da política nacional, uma deliberação autárquica controversa desencadeou uma sarrafusca interna entre socialistas. Com o regresso a uma animosidade evidentemente, mas não nomeada, entre o anterior e o actual secretários-gerais do PS. Enquanto isso, há duas ministras na corda-bamba. Começa a pairar o fantasma da remodelação governamental, o que já obrigou o primeiro-ministro, em ambos os casos, a vir defendê-las em público. Em Espanha, nem uma tragédia com mais de duzentos mortos fez esquecer a guerrilha política entre o governo socialista e o poder autonómico que reúne a direita tradicional e a extrema-direita.
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Na estante do Governo Sombra, temos esta semana um ensaio de dois professores de Harvard sobre as disfunções da política americana: “A Tirania da Minoria”, de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt; uma reflexão, com enquadramento histórico, em que Fareed Zakaria expõe argumentos sobre o momento presente, a que chama “Era de Revoluções”; há ainda um diálogo sobre as crenças religiosas de um dos grandes nomes do cinema contemporâneo: “Conversas sobre a Fé”, entre Martin Scorsese e António Spadaro; e de um especialista italiano na cultura clássica, Dino Baldi, “Mortes Fabulosas dos Antigos”.
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Na estante do Governo Sombra, esta semana, encontramos um livro decisivo para a chegada do surrealismo a Portugal, que nunca tinha tido tradução portuguesa: "História do Surrealismo", de Maurício Nadeau, as memórias póstumas de um mártir russo: "Patriota", de Alexei Navalny; o romance mais recente de Rachel Cusk: "Desfile", e o catálogo da exposição “Unidos Venceremos! Protesto, Greves e Sindicatos no Marcelismo (1968-1974)”.
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Não é com 'tasers’ que nos protegemos da realidade, evidentemente. Claro que as armas de electro-choques, que faltam à polícia, também não impedirão frases grotescas de dirigentes políticos com assento parlamentar. Declarações que merecem censura generalizada, embora daí a considerá-las crime, como pretende quem se queixa delas em tribunal, vá um passo perigoso que, paradoxalmente, pode vir a conceder uma vitória ao infractor. Para o desconcerto do mundo ser completo, só falta consumar-se o cenário de turbulência política que se adivinha a partir da próxima terça-feira, depois da palavra-chave da semana ter sido “lixo”.
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Sabemos como começam fenómenos destes, não podemos saber como acabam. Um homem morreu numa intervenção da polícia. Ainda antes de qualquer inquérito concluído, a PSP emitiu um comunicado justificando a acção policial. O homem estaria armado com uma faca e o agente da autoridade agiu em legítima defesa perante uma arma branca. Versões posteriores contradizem esta narrativa. A polícia, além de matar, mentiu? Na periferia de Lisboa a dúvida foi pretexto para quatro noites de violência e vandalismo. Foram queimados vários autocarros e há um motorista da Carris internado em estado grave. Perante este quadro que aconselharia prudência e responsabilidade, o líder parlamentar do terceiro maior partido na Assembleia não se coíbe de dizer que “se calhar, se (os polícias) disparassem mais a matar o país estava mais na ordem”. O mundo está perigoso. Perante isto o episódio dos insultos do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros ao Chefe de Estado-Maior da Força Aérea parece uma brincadeira. Mas não é. Como não foi a brincar que o primeiro-ministro desfraldou a bandeira política do combate à disciplina de educação para a cidadania sob uma ovação do congresso do PSD. Quem parece ter sido apanhado na curva foi o ministro da Educação, admitindo que este não é o problema mais importante na área que tutela. São as guerras culturais a que temos direito.
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Esta semana, na estante do Governo Sombra, encontramos uma memória pessoal da ditadura de Enver Hohxa, no livro “Livre”, de Lea Ypi; uma “História de Arte”, assinada por Katy Heller, diferente de todas as outras: “Sem Homens”; as entrevistas de Maria João Avillez a grandes protagonistas políticos portugueses em “Eu Estive Lá”; e um clássico da literatura latina: “Remédios Contra o Amor”, de Ovídio.
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E daqui em diante como viveremos nós sem a novela do orçamento? Ainda há a das gémeas, é certo. Temos agora a do julgamento do caso BES (mas com 18 arguidos, estando em causa 300 crimes e arroladas 700 testemunhas, são tantas as personagens que rapidamente perderemos o fio à meada). E há a corrida à Casa Branca, que promete emoção (e angústia) até ao fim. Enquanto isso, com o orçamento virtualmente aprovado, em breve se verá como evolui a relação de Pedro Nuno Santos com os comentadores socialistas (desalinhados) no seu “pedestal”.
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Na estante desta semana, vamos do excesso de informação a um compêndio de trica política, passando por um belo livro infantil e por uma reflexão sobre os 50 anos da Revolução. Neste caso, António Barreto reúne um conjunto de textos e intervenções no volume ‘Abril’. A respeito do mesmo período, o meio século de democracia, Liliana Valente e Filipe Santos Costa investigaram e reuniram episódios saborosos de pequena política (com um protagonista em destaque: Marcelo Rebelo de Sousa). O ensaísta francês Bruno Patino faz, num ensaio significativamente intitulado ‘Submersos’, um diagnóstico preocupado da sobrecarga de estímulos e informação com que estamos confrontados na sociedade contemporânea. Por fim, para não nos acusarem de sermos (apenas) cínicos, fica a recomendação de um belo livro infantil com mais de meio século e pela primeira vez traduzido e editado em Portugal: ‘Harold e o Lápis Púrpura’, de Crockett Johnson.
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