Avsnitt
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(Com a participação especial do meu Marido André Castanho.)
Enquanto se arranjava ia tentando controlar as palpitações que lhe faziam movimentar o peito!
A experiência era nova!
Nunca tinha experimentado nada igual... um jantar... uma prova... e apenas o olfato como sentido lhe iria permitir reconhecer todas as experiências que lhe passariam pelas mãos!
Chegada à entrada daquele que seria o seu albergue nocturno, foi recebida por um senhor elegante que lhe vendou de imediato os olhos!
De braço dado com o empregado percorreu o corredor que a levou à sala principal!
Sem que houvessem trocas de palavras, era possível escutar uma música de fundo que lhe acalmava a alma!
Foi parar aquela experiência através de um voucher que lhe tinha sido colocado na caixa do correio!
Ainda que com receio, do que daí pudesse advir, decidiu arriscar e experimentar algo novo!
Sentou-se...
Numa poltrona, ou em algo reconfortante!
Ia escutando vozes de pessoas que provavelmente desconhecera! Naquele ambiente nada lhe era familiar!
Afinal não era uma poltrona!
Era apenas uma cadeira almofadada que lhe permitia confortavelmente estar sentada ao redor de uma mesa com pelo menos dez pessoas!
Pelo que percebeu ninguém se conhecia!
Homens e mulheres... as apresentações começaram e todos pareciam não perceber bem como iria funcionar o tal jantar!
Nomes... idades... localidades... profissões!
Um sem fim de informações foram sendo reveladas enquanto a comida ia chegando!
O vinho era tinto e encorpado! Disso percebia ela! Herança do seu pai que era enólogo e que desde cedo lhe mostrou como apreciar o verdadeiro deleite dos deuses!
Ao seu lado esquerdo estava um homem de voz grossa, de cheiro intenso e... bastante misterioso!
De todos os participantes foi o único que não disse a sua idade nem tão pouco o que fazia!
Que raio! Lá estava ela metida num enigma que não poderia decifrar!
O mais fácil era tirar a venda ou espreitar fitando todos os outros que se encontravam naquele jogo de adivinhas!
Mas não... quebrar as regras não era o seu lema! Aprendeu a gostar daqueles jogos desde aquele dia em que recebeu uma mensagem no seu telemóvel de alguém que até agora desconhece!
Hoje deixa que as aparências lhe passem ao lado e experimenta apenas as sensações que lhe são permitidas!
O jantar foi longo e vibrante!
Mas... já no final... já quando as sobremesas tinham terminado o homem à sua esquerda fez uma revelação que lhe mudaria por completo a perspectiva daquele divertimento! Juntando a boca ao seu ouvido proferiu uma frase que lhe era familiar!
-"Cada vez te amo mais... e tu… estás cada vez mais preparada para me amares a mim!
Agora que não me vês, mas que me sentes, conta-me…como foi o teu jantar no outro dia?"
O seu coração disparou... estava perante o homem das mensagens! Mas... não podia quebrar o jogo! Não podia! Era uma das regras!
Mas... como sabia ele que era ela que estava a seu lado!!?? Tinha quebrado a principal das normas... mas... eis que ele lhe volta a dizer algo...
“Não desfaças o mistério... envolve-te nele!
Recordas-te?!
Era o que dizia o voucher que te pus na caixa de correio!
Não te assustes! Não sou perigoso!
E tu tens apenas duas opções... ou quebras as regras e desfazes o mistério ou deixas-me quebrar de uma vez por todas o gelo que te percorre o corpo!...
A escolha é tua!"
Bem haja!
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(Com a participação especial do meu Marido André Castanho.)
Sentada no jardim de sua casa, e segurando com a sua mão direita um copo de gin tónico, contemplava o pôr do sol que se avistava lá ao fundo!
Aquela tarde era calma, tal como os seus pensamentos!
Mas eis que uma mensagem no seu telemóvel lhe mudaria por completo o estado de espírito:
- Lembrei-me de ti! Lembrei-me do quão bonita estavas no dia em que te vi! - inesperadamente tinha recebido uma mensagem de um número que não conhecia!
Talvez por engano alguém a tenha enviado. - Pensou ela, enquanto dava um gole na sua bebida!
A resposta era previsível e foi enviada de seguida!
- Desculpe, mas deve ter-se enganado no número! - Escreveu com uma voracidade tal, quanto a confusão que lhe toldava o pensamento!
Há muito tempo que estava encerrada consigo própria, que não dava margem para que alguém entrasse na sua vida!
Aquela mensagem não lhe fazia sentido!
Quem seria aquela pessoa que tinha ousado tirar-lhe a calmaria do pôr do sol?!
Em poucos minutos a resposta aparecia no visor!
- Espero-te hoje, às 21:00 onde me viste pela primeira vez! Recordas-te?!
Talvez não te recordes, mas vou dar-te uma pista... numa tarde de primavera, enquanto lias um livro a tua mala caiu ao chão. Todos os teus pertences se espalharam. Entre eles estava um cartão profissional com o teu número de telefone, e que por sorte, ficou esquecido por debaixo do banco onde estavas sentada!
Desculpa a minha ousadia mas gostava de te ver novamente!
A confusão instalou-se novamente na sua mente, aquele episódio já tinha acontecido há mais de 4 meses.
Quem seria aquela pessoa, e porque só agora decidira enviar tal mensagem?!
A excitação foi aumentando, talvez por culpa do álcool que ia degustando, e a curiosidade tomou conta de si!
Tinha vontade de continuar naquele jogo, mas ao mesmo tempo o medo consumia-lhe as entranhas!
- Não sei se quer o seu nome, não faço ideia de quem seja! O que pretende?
O pequeno texto demonstrou a sua falta de confiança sobre os demais, mas eis que a resposta foi clara!
- Veste-te a preceito, arranja-te o mais que puderes, às 21:00 estarei à tua espera para um jantar, que talvez mude por completo a tua vida!
Sem que desse resposta decidiu-se pelo risco, tomou um banho e vestiu-se tal como pedido. Maquilhou-se, perfumou-se e saiu pela porta de casa quando ainda faltavam 15 minutos para a hora!
Olhou ao seu redor e não havia ninguém que fizesse jus às mensagens que tinha recebido!
Cerca de cinco minutos da hora marcada tinham passado e ninguém à sua volta a interpelou!
Eis que uma nova mensagem no seu telemóvel fez o coração disparar!
- Sei que já aí estás, vejo-te!
Linda e maravilhosa, com um odor que emana paixão!
Agora escolhe o restaurante que mais te agradar e vai jantar com a única pessoa que neste momento te pode fazer feliz!
Janta contigo própria!
Deleita-te na paixão de te contemplares a ti!
Não te chateies comigo! Peço-te!
Um dia vou aparecer, mas... até lá, terás que estar suficientemente preparada para tal encontro!
Até lá, serei a tua estrela guia que aos poucos te vai enfeitiçando, e tu serás a mulher com que sempre sonhei mas que ainda não está preparada para partilhar o amor com ninguém!
Por isso peço-te:
Ama-te para depois me amares a mim tal como te amo desde a primeira vez que te vi!
Bem haja!
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Saknas det avsnitt?
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17:15!
O alarme do telemóvel relembrou-a que tinha que se levantar rapidamente da cadeira no escritório e correr até ao cabeleireiro!
Hoje é um dia especial!
É dia dos namorados!
Desceu as escadas do escritório, cruzou a rua e entrou no cabeleireiro do costume, perseguida pela azáfama da cidade onde não há tempo a perder! O trânsito caótico, a correria de quem trabalha e a calmaria dos que apenas passeiam fundem-se no mesmo espaço e tempo obrigando todos a viver numa fuga constante contra o relógio!
Os secadores abafam as vozes das que se encontram naquele espaço!
Os espelhos refletem os seus sorrisos que combinam com a aparência já moldada pelas mãos dos profissionais daquele lugar.
Mudança de visual mas não só!
Mudança também de Estratégia para a noite que se avizinha!
De cabelo cortado, e tonalidade modificada, ganhou um ânimo diferente! Naquele instante vestiu a pele de uma mulher revigorada, uma mulher que tinha ganho um novo fôlego um novo ânimo! Na verdade é sempre assim que nos sentimos quando nos predispomos a mudar! Mas… porquê hoje?!
Num ápice levantou-se da cadeira e correu para o metro! Em pouco mais de 15 minutos estava em casa! Entrou apressada, os saltos ecoaram pelo corredor enquanto largou a mala no sofá.
Não havia tempo a perder. Um banho rápido, maquilhagem impecável, e claro o vestido escolhido dias antes.
Olhou-se ao espelho e sorriu. É engraçado como uma mudança no cabelo e uma camada de batom têm o poder de nos dar uma confiança que, nos outros dias, parece faltar.
19:45 em ponto, ele chegou!
O mesmo de sempre. O mesmo perfume, a mesma camisa, a mesma expressão distraída mesmo enquanto lhe dizia que estava linda sem sequer levantar os olhos do telemóvel.
Já no restaurante, entre um brinde e uma conversa banal, ela espera! Espera que ele repare nela. Que lhe diga que o cabelo está diferente, que notava o brilho no seu olhar, que percebesse que ela se tinha esforçado.
Mas nada.
Nem um comentário, nem um olhar mais atento.
Entre garfadas, falaram sobre o trabalho, sobre os planos para o fim de semana, mas acima de tudo sobre banalidades.
Ele apenas concordava, respondendo com monossílabos.
O silêncio entre os dois começava a pesar. Não era o silêncio confortável de quem já disse tudo sem precisar de palavras, mas sim o vazio de quem já não se ouve.
Ela brincava com o guardanapo entre os dedos, enquanto fingia que estava tudo bem, mas na sua cabeça uma tempestade começou a formar-se.
Porquê? Porquê só hoje? Porquê tanto esforço para ser notada por alguém que nem sequer reparou em mim?!
Mas… Quantas vezes já tinha passado por isto? Quantas vezes tinha mudado o cabelo, comprado um vestido novo, passado horas a preparar-se para um jantar em que, no fim, se sentia exatamente igual?
Invisível.
E a verdade, dolorosa e crua, era que este não era um problema dele. Era dela.
No fundo, não se trata apenas deste jantar. Não é sobre ele não notar a mudança no cabelo ou o brilho no olhar. É sobre o facto de ela mesma não se notar nos outros dias.
De passar a vida à espera que alguém valide a sua beleza, a sua presença, o seu esforço.
Mas… entre um gole de vinho e uma garfada, que já nem lhe sabia a nada, algo dentro dela estalou.
Não podia continuar a viver assim.
Não podia continuar a mudar apenas nestes dias, a transformar-se para ser vista pelos outros, enquanto se esquecia de se ver a si própria.
Pois a mudança que realmente importa não é a que fazemos para os outros. Não é o batom vermelho numa noite especial, nem o vestido escolhido a dedo para impressionar. A mudança verdadeira é a que acontece quando, finalmente, decidimos ser vistas por nós mesmas.
Respirou fundo. Endireitou-se na cadeira e Sorriu, mas desta vez não para ele.
Sorriu para si mesma!
A atitude que permite que ele tenha para com ela é o reflexo daquilo que ela própria aceita para si. Sempre se preocupou em agradar, em estar impecável, em fazer tudo certo, mas nunca se perguntou se aquilo era suficiente!
Na verdade, quantas de nós se anularam para evitar discussões? Quantas vezes ignoráramos o próprio instinto para manter a paz?
Quantas vezes esperámos para ser vistas, ser elogiadas, ser celebradas?
E ali, naquele jantar que deveria ser especial, percebeu que o verdadeiro problema não era ele não a notar. O problema era ela própria ter passado demasiado tempo a querer ser notada por alguém que nunca olhou para além da superfície.
O Dia dos Namorados? Sim, pode ser uma data bonita, mas de que serve se no resto do ano ela não se sente amada, nem sequer por si mesma?
Soltou um leve suspiro e pousou o guardanapo sobre a mesa. Olhou para ele – o homem que, por tanto tempo, idealizou como aquele que lhe daria o que precisava. Mas agora, com uma clareza quase assustadora, viu o que sempre esteve ali: ele nunca lhe daria mais do que aquilo.
Não por maldade. Não por falta de amor. Mas porque ela mesma nunca exigiu mais.
Então, sem pressa, pegou na mala, bebeu o último gole de vinho e sorriu.
Desta vez, não esperou que ele perguntasse o que estava errado. Não esperou que ele reparasse. Não esperou absolutamente nada.
Levantou-se.
Deixou para trás o prato com a sobremesa intocada e um homem que, talvez, só fosse perceber o que acabar de perder quando já for tarde demais.
Caminhou para fora do restaurante sentindo-se mais leve do que nunca.
Mas e o Dia dos Namorados?
O dia dos namorados ainda é hoje.
Mas, pela primeira vez, ela escolheu passar o resto da noite com a pessoa mais importante da sua vida: com ela mesma.
Bem haja!
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Percorri todo o meu corpo em busca da marca que um dia me tinhas feito...
Procurei... tornei a procurar e curiosamente não encontrei nada!
Que estranho! Recordo-me do dia em que disseste que me marcarias para sempre!
Recordo com carinho, as tuas mãos junto das minhas a prometerem que jamais irias deixar que outro me marcasse tal como tu o tinhas feito!
Mas hoje... aqui estou eu... a percorrer de novo o meu corpo apenas com as minhas mãos e à procura de algo que nunca existiu na realidade!
Uma marca...
Mas... será que foi assim tão grande?!
Nem uma cicatriz tenho como recordação!
Espera...
O erro é meu!
Nunca me mentiste! Tem que existir alguma marca!
Talvez sejam os meus olhos que me enganam...
Espera...
Eras capaz de me ter mentido?!
Não! Claro que não eras!
Tenho de facto uma cicatriz... e essa teima em não fechar!
Mas... não é por tua culpa!
Ou... eras capaz de me deixar uma ferida aberta deste tamanho?!
Não! Claro que não eras!
Aliás... se olhares para mim e me percorreres de novo com as tuas mãos nem vais perceber que essa ferida existe!
Aliás... nem eu a vejo!
Mas sinto-a! Claro que sinto... está aqui!
Consegues ver?! Claro que consegues!!
Foste tu que a fizeste no dia em que decidiste fazer marcas em outros corpos!
Lembras-te?!
Claro que te lembras!
BEM HAJA
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Hoje, sento-me aqui... de frente para ti... olhos nos olhos à espera que me respondas com a maior das sinceridades a uma questão que me tolda o pensamento!
Por entre pequenos ruídos que me assombram finalmente tenho coragem de te perguntar:
-"Quem sou eu?! Quem sou eu?! Responde-me!"
Sem deixar de te fitar com os olhos aguardo a resposta que teima em não chegar! Mas sem nunca desistir tento ler-te os lábios.. um murmúrio sai através deles e de forma sarcástica dizes-me algo que quase não consigo decifrar!
-"Tu és apenas tu! Muitos são, os que me olham nos olhos, e me questionam tal como tu fizeste!
Mas sabes que mais...raramente chegam a aprender que a verdadeira essência não está aqui!
Essa está distante dos olhos preconceituosos!
Essa apenas será mostrada quando conseguires usar os cinco sentidos sem medo!
Somente quando estiveres pronta para escutar ruídos sem que isso te apoquente, ou quando deixares de ter preconceitos de sentir um corpo nu, quando não tiveres pudor de degustar o sumo de um corpo suado e embriagares-te apenas com o seu cheiro!
Não te rales com aquilo que é apenas isto que hoje vês quando me olhas nos olhos!
Eu sou apenas um espelho que tu quiseste transformar no teu conselheiro!
Agora pára! Agora pergunta-me novamente..."
-"Já sei quem sou! Roubaram a minha verdadeira natureza no dia em que dei apenas ouvidos aquilo que era melodioso, harmonioso, subtil e belo! Mas.... aqui estou eu...nua... à tua frente a olhar para ti! E a perceber que apenas cada um de nós se conhece a si mesmo e jamais os que apenas nos vislumbram podem ver quem realmente somos!"
Agora irei virar-te as costas vestirei o meu melhor sorriso e enfrentarei o mundo!
E tu... és apenas o espelho que está pendurado na parede do meu quarto e que reflete a aparência que os outros conhecem, mas és só tu que me aconselhas como ninguém! O "TU" a que me refiro é simplesmente o teu "EU"!
BEM HAJA!
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Link do Livro:
DEVANEIOS DE ALGUÉM COMO TU!!!
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